Como Daniel Craig se tornou James Bond?

Quando a EON Productions decidiu reiniciar a franquia James Bond com 007 – Cassino Royale, em 2006, a missão era clara: trazer um novo 007, mais moderno, intenso e emocionalmente complexo. Coube à produtora Barbara Broccoli liderar essa transformação — e a escolha por Daniel Craig seria decisiva.

“Queríamos criar um Bond para o século XXI”, explica Barbara Broccoli. “Alguém que redefinisse o que o herói masculino clássico deveria ser. Procurávamos um ator com uma presença icônica, que também pudesse transmitir toda a profundidade emocional do personagem, que é muito introspectivo.”

Barbara Broccoli, Daniel Craig e Michael G. Wilson – Getty Images

Com a adaptação fiel do primeiro romance de Ian Fleming, Casino Royale, a EON sabia que precisava de um novo tipo de Bond — menos fantasioso, mais realista. A diretora de elenco Debbie McWilliams foi encarregada da seleção e, a princípio, a busca se concentrou em atores mais jovens. No entanto, logo perceberam que precisavam de alguém mais maduro, com experiência e intensidade dramática.

“Estávamos procurando alguém que tivesse presença, autoridade e, ao mesmo tempo, profundidade”, relembra McWilliams. “Quando o nome de Daniel surgiu, foi como se todas as peças se encaixassem.”

A escolha que redefiniu James Bond para o século XXI

Foi então que o nome de Daniel Craig emergiu como forte candidato. Formado pela Guildhall School of Music and Drama, Craig já chamava atenção por suas atuações intensas. “Eu o vi pela primeira vez em ‘Our Friends in the North’ e fiquei impactada”, recorda Broccoli. “Ele desaparecia no personagem. Quando o vi em ‘Elizabeth’, tive certeza. Pensei: ‘Ele é o cara. Ele tem que ser o Bond.’”

Mesmo com todo esse entusiasmo por parte dos produtores, pairava uma dúvida: será que Craig toparia o desafio de viver um dos personagens mais icônicos do cinema? Segundo Broccoli, ele demonstrou interesse imediato. “Ele não disse ‘sim’ logo de cara, mas ficou curioso. Pediu o livro Casino Royale, leu o roteiro, e alguns dias depois estava nos nossos escritórios, conversando.”


007 – Cassino Royale © 2006 Danjaq LLC, United Artists Corporation, Columbia Pictures Industries Inc.

Daniel Craig, por sua vez, relembra como encarou o convite. “Eu pensei: ‘Bem, isso vai mudar a minha vida’”, contou o ator. “E isso é algo muito difícil de aceitar. Não é uma decisão simples. É algo que pode consumir tudo. Mas eu sabia que, se dissesse não, me arrependeria.”

O diretor Martin Campbell, que já havia introduzido Pierce Brosnan ao papel em 007 Contra GoldenEye, foi chamado para dirigir 007 – Cassino Royale. Ao conhecer Craig, teve certeza de que ele era o ator certo. “Ele era extraordinário. Muito intenso, sério, comprometido. Ele trouxe uma fisicalidade crua para o papel, mas também uma sensibilidade que ninguém esperava.”1

A estreia de Daniel Craig como James Bond em 007 – Cassino Royale, em 2006, foi um marco absoluto. O filme apresentou um 007 mais humano, brutal e emocionalmente exposto — uma versão fiel ao Bond literário de Ian Fleming. Sua atuação foi aclamada pelos fãs e pela crítica, e o filme é considerado até hoje como um dos melhores da série e rendeu ao ator um lugar definitivo na galeria dos grandes Bonds.

007 – Sem Tempo Para Morrer © 2020 Danjaq LLC, United Artists Corporation, Universal Pictures Inc.

Ao longo de cinco filmes, 007 – Cassino Royale (2006), 007 – Quantum Of Solace (2008), 007 – Operação Skyfall (2012), 007 Contra SPECTRE (2015) e 007 – Sem Tempo Para Morrer (2021), Daniel Craig não apenas atualizou o personagem para os tempos modernos, como também ofereceu a interpretação mais humana e complexa de James Bond já vista nas telas até hoje.

Com sua despedida em 2021, encerrou-se um capítulo transformador na história do espião britânico — iniciado com uma simples pergunta: Quem será o próximo Bond?

  1. Trecho do livro Being Bond: A Daniel Craig Retrospective de Mark Salisbury. ↩︎

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