MGM e Danjaq vencem o famoso “Caso Thunderball” na justiça.

Ian Fleming, Literatura, Últimas Notícias Por nov 18, 2013 Sem Comentários

Foi anunciado na sexta-feira, 15 de novembro, que a MGM e a Danjaq (companhia responsável pela EON Productions), em um acordo com o espólio de Kevin McClory, possuem agora todos os direitos autorais sobre a franquia James Bond, encerrando o famoso e polêmico caso judicial que se estendeu por décadas.

Desde a década de 1960, a obtenção dos direitos do livro Thunderball” não foi nada pacífica, marcada por uma intensa batalha judicial iniciada pelo produtor Kevin McClory, que alegava ser autor de parte dos argumentos do livro de Ian Fleming. Na época, McClory processou Fleming por plágio, e a EON Productions de impedir a produção do filme, que seria o primeiro da série. A batalha judicial inspirou o livro “The Battle For Bond” de Robert Sellers, lançado em 2007.

O enredo de “Thunderball” (Chantagem Atômica) não foi concebido apenas por Ian Fleming, e sim em associação com o cineasta Kevin McClory, o escritor Jack Whittingham e Ernst L. Cuneo, amigo de Fleming que serviu de inspiração para o personagem Ernie Cureo do livro Os Diamantes São Eternos.

Em 1959, os quatro reuniram-se em uma malsucedida tentativa de perpetuar o primeiro filme sobre 007, o qual seria dirigido por McClory, co-escrito por Whittingham e produzido por Cuneo. Todos colaboraram com ideias para a trama, eventualmente batizada de “Longitude 78 West”, mas o projeto naufragou em razão de um alto orçamento e da desconfiança de Fleming quanto às habilidades de McClory como cineasta, após um de seus filmes, “The Boy and The Bridge”, revelar-se um fracasso de público e crítica.

Em 1960, ao refugiar-se em sua casa (GoldenEye) na Jamaica para escrever a nona aventura de 007, o autor usou trechos de “Longitude 78 West” em “Thunderball” (Chantagem Atômica), sem mencionar a participação de seus co-autores na concepção do enredo do livro.

Quando Kevin McClory e o roteirista Jack Whittingham notaram que algumas das suas ideias estavam no livro, solicitaram uma liminar à Suprema Corte de Londres, por plágio e falsa atribuição, para impedir a publicação do livro. Isso então impediu que 007 Contra A Chantagem Atômica se tornasse no primeiro filme da série.

Em um acordo fora dos tribunais em 1963, McClory recebeu os direitos para alguns dos conceitos da trama, e aceitou produzir uma adaptação do livro para a MGM e para a EON Productions.

O acordo incluía não tentar outra adaptação de “Thunderball” (Chantagem Atômica) por no mínimo 12 anos. Em 1976, após a expiração do prazo, McClory decidiu filmar outra versão do livro, mas acabou sendo impedido por um processo da United Artists. Porém, em 1983, com a ajuda do produtor Jack Schwartzman e da Warner Bros, McClory conseguiu os direitos sobre os personagens de “Thunderball” (Chantagem Atômica), sob a condição de que sua adaptação não tivesse “James Bond”, “007” ou “Thunderball” no título. Foi então que “Never Say Never Again” (Nunca Mais Outra Vez), com Bond novamente interpretado por Sean Connery, foi lançado.

Com o marketing todo voltado para o retorno de Sean Connery no papel de Bond, o filme não é considerado oficial da série por não ter sido produzido pela EON Productions, e acabou sendo ofuscado nas bilheterias por 007 Contra Octopussy, lançado no mesmo ano e estrelado por Roger Moore.

No início da década de 1990, Kevin McClory tentou outra adaptação de “Thunderball”, desta vez com a alcunha da Sony Pictures. Intitulado de “Warhead”, o roteiro foi abandonado após novo processo judicial. Porém, a obsessão de McClory só teve fim em 2002, quando perdeu mais um processo, e “Never Say Never Again” (Nunca Mais Outra Vez) tornou-se propriedade da MGM.

No entanto, parte dos direitos da trama ainda pertenciam à McClory, como os personagem Domino, Emilio Largo, Ernst Stavro Blofeld e o nome da SPECTRE, organização criminosa que ele se gabava por ter criado. Em 2005, no game From Russia With Love da Eletronic Arts, o roteirista Bruce Feirstein foi forçado a substituir a marca da organização criminosa, já que McClory ainda possuía os direitos autorais pela SPECTRE.

Sem detalhes financeiros divulgados, William Kane da BakerHostetler LLP, representante do espólio de McClory, disse em comunicado:

“A propriedade intelectual de 50 anos que envolve James Bond foi resolvida após incontáveis horas de muito trabalho dos advogados do espólio de Kevin McClory, MGM, e Danjaq e beneficiará os fãs de James Bond ao redor do mundo”.

Após esse apanhado histórico, sabemos agora que a EON Productions têm totais condições de introduzir um novo Blofeld na série, e até mesmo apresentar uma SPECTRE nos próximos filmes, dando ainda mais gás aos rumores.

Natural de Dublin, na Irlanda, Kevin McClory morreu em 2006, aos 80 anos, em sua cidade natal.

Com informações The Hollywood Reporter, livro “Sexo Glamou & Balas” de Eduardo Torelli, e Bond En Argentina. █

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