Os efeitos visuais de 007 – Operação Skyfall

007 - Operação Skyfall Por nov 30, 2012 Sem Comentários

Reunimos alguns dos efeitos visuais do vigésimo-terceiro filme de James Bond, 007 – Operação Skyfall, e uma entrevista com Arundi Asregadoo, Supervisor de Efeitos Visuais do filme. Vale lembrar que o post contém imagens com SPOILERS sobre o filme. Confira…

O uso limitado dos efeitos visuais nos filmes de James Bond tornou-se marca registrada da série, que desde a década de 60 opta por realizar as sequências de ação com atores reais, em locações verdadeiras. E com 007 – Operação Skyfall não foi diferente, em uma das cenas da sequência de abertura, o próprio ator Daniel Craig gravou uma cena de luta com Ola Rapace em cima de um trem em movimento na Turquia. Porém, o uso de Efeitos Visuais (VFX) hoje em dia, são inevitáveis. No filme, foram basicamente utilizados como complemento dos sets, e como elementos digitais em algumas cenas-chave.

Liderando a equipe de Efeitos Visuais de 007 – Operação Skyfall estão Arundi Asregadoo e Philip Greenlow, que com sua equipe fizeram mais de 300 tomadas para o filme.

A principal criação da empresa MPC (Moving Picture) para o filme, foi o ambiente ao redor de Skyfall, o antigo casarão de James Bond. O time ficou encarregado de criar as paisagens montanhosas da Escócia, a queda de um helicóptero em CGI (Computer Generated Image), uma eletrizante perseguição a pé sob um lago congelado, diversas explosões, e o trabalho visual de extensão em diversos outros sets.

Abaixo, o processo de criação digital do Dragão de Komodo para a cena do Cassino em Macau.

O trabalho no filme era de criar uma clássica paisagem montanhosa, com bastante névoa e a aparência gelada, em um local bastante isolado. As gravações do 3º ato do filme, que se passa na Escócia, aconteceram em Março deste ano e foram rodadas na região de Hankley Common, em Surrey na Inglaterra. A equipe liderada por Isabelle Rouselle e Jerome Martinez, usou inicialmente uma colagem em 360º com fotos de alta-resolução com paisagens montanhosas, árvores e um lago congelado.

Para a sequência final quando o helicóptero cai sobre Skyfall, a equipe de modelagem criou digitalmente um modelo da aeronave AW101, enquanto outra equipe da MPC utilizou o software Kali, criado pela própria empresa para o filme “Sucker Punch”, para animar a destruição causada pela queda da aeronave. Fumaça, fogo e detritos foram adicionados posteriormente.

Elementos digitais também foram utilizados para a criação do lago congelado. Nas cenas aquáticas, extensões digitais do fundo do lago foram adicionadas, com a inclusão de bolhas criadas por computação gráfica, e faíscas do sinalizador utilizado por Bond.

Em mais de 70 tomadas, combinando elementos de fumaça, a equipe também criou digitalmente a respiração dos atores, como se estivessem em um clima gelado, criando o tamanho e velocidade certa da respiração.

Confira agora a entrevista com Arundi Asregadoo, Supervisor de Efeitos Visuais de 007 – Operação Skyfall, e imagens comparativas entre as tomadas reais e as com os Efeitos Visuais. (Use o mouse para comparar as imagens).

Como foi o envolvimento da MPC neste projeto?

O Steve Begg, Supervisor Geral de Efeitos Visuais é um amigo de longa data da MPC. Ele e Leslie Lerman (Produtor de Efeitos Visuais) nos apresentaram durante os estágios iniciais da pré-produção de 007 – Operação Skyfall.

Como foi a colaboração com o diretor Sam Mendes e o produtor de Efeitos Visuais, Steve Begg?

Trabalhando. Foi uma experiência maravilhosa estar com Sam Mendes e Steve Begg. Desde o primeiro encontro com Sam, ficou bastante claro o que queríamos para a sequência. Eles nos deram uma grande liberdade criativa para a criação das sequências. Foi ótimo poder ver a quantidade de atenção dada para a imagem de Roger Deakins (Diretor de Fotografia), Stuart Baird (Editor) e Sam. Foi excelente trabalhar com Steve neste filme, especialmente pela sua experiência com miniaturas.


Qual foi o trabalho da MPC neste projeto?

A MPC foi premiada com a parte final de 007 – Operação Skyfall, onde Bond leva M até Skyfall, sua antiga casa. Tivemos que lidar com diferentes áreas nestas sequências, o principal desafio foi criar o ambiente ao redor da casa. Outras partes do trabalho envolviam a destruição do Aston Martin DB5, a queda do helicóptero do vilão, e a sequência no lago congelado.

Poderia explicar em detalhes a criação do ambiente ao redor do casarão Skyfall?

Durante a pré-produção, debatemos a criação da ambientação com Steve Begg. Precisávamos ser flexíveis com o layout do ambiente para que o diretor Sam Mendes pudesse criar um design geral para as tomadas. O foco principal era transformar a região de Hankley Common (Inglaterra) em uma região montanhosa e gelada da Escócia.

Tivemos mais de 200 tomadas na sequência final das quais foram necessárias algum tipo de tratamento em CGI. Usando os softwares Maya e Nuke, nossos designers Isabella Rousselle e Jerome Martinez criaram um ambiente em 360º do local. Começamos juntando referências fotográficas. Nosso fotógrafo, James Kelly, foi até a locação para capturar algumas imagens panorâmicas na Escócia, que foram então combinadas com as fotos tiradas em Hankley Common. O trabalho teve de ser bastante flexível para mostrar as mudanças do dia.

Outro aspecto do ambiente era o casarão de Bond, Skyfall. A casa foi parcialmente construída na própria locação. O Departamento de Arte teve que criar as paredes externas e o telhado, e nós criamos a extensão do telhado em CGI, adicionado camadas externas para dar o look de um casarão antigo. Atrás da casa está o lago congelado, que também tivemos de ser flexíveis durante a criação, para poder dar ao diretor a opção de alterar da maneira que quisesse.

Uma vez que estabelecemos o layout da Skyfall junto com Sam Mendes e os compositores gráficos Matt Packham e Martin Riedel, mesclamos as imagens geradas por computador com a filmagem real, acrescentando camadas de névoa, para criar uma atmosfera gelada nas tomadas.

Qual era o tamanho real do Set para esta sequência?

A locação de Skyfall era no meio de uma Reserva Nacional chamada de Hankley Common, próximo a Guildford. O set tinha aproximadamente 1.6 KM². As únicas construções que faziam parte da locação eram o casarão antigo (Skyfall) e a capela ao fundo.

Em certo momento, o icônico Aston Martin é destruído. Como vocês incrementaram esta destruição?

Destruir o icônico DB5 foi um desafio interessante. Houveram diversos estágios da destruição do DB5. Durante a primeira onda de ataque, o DB5 é danificado por uma série de tiroteios. Analisamos como os carros à prova de balas são construídos e como diferentes materiais reagem sob intenso poder de fogo.

A solução foi um modelo 2.5D. Criamos um modelo em CGI do carro usando fotos como referência. As imagens digitais dos buracos de balas e vidros quebrando, projetamos utilizando o Nuke no modelo real do veículo. Uma vez que criamos os danos, o diretor ficou à vontade para justar a quantia de danos visíveis.

A segunda parte da destruição é quando Silva dá ordens para que o helicóptero atire no DB5. Para conseguir este feito, Steve teve à sua disposição uma carcaça do carro em tamanho real, para que pudéssemos destruí-lo. Combinamos as imagens com o DB5 criado por computador, e acrescentamos outros elementos (como os estilhaços dos vidros) para criar a imagem do DB5 explodindo.


A queda do helicóptero na casa. Você poderia nos detalhar a criação desta sequência incrível?

Nesta parte do filme, Bond tenta distrair o vilão para poder escapar. Para isto, ele explode o casarão, e com isso os destroços da explosão acertam o helicóptero causando a queda da aeronave na casa.

Nos estágios iniciais da produção, esta cena havia sido desonsiderada por Sam e Roger Deakins. Durante a reunião de Pré-Produção, Steve quis criar esta sequência usando miniaturas. Então foi construída em escala 1:3, uma miniatura da casa para a cena com o helicóptero. Chris Corbould (Coordenador de Efeitos Visuais) e Steve dirigiram a sequência que foi filmada no Long Cross Studios.

A filmagem com a miniatura funcionou bem, mas sentimos que faltavam certos elementos na tomada. O principal problema era o movimento do helicóptero, devido a restrição da aste que o segurava.

Sheldon-Stopsack e Dave Griffiths, reanimaram digitalmente o helicóptero combinando o modelo computadorizado com a miniatura, o que nos permitiu ajustar a velocidade, o balanço e o ritmo da sequência. Com chroma key, acrescentamos os pilotos, fumaça e faíscas. A equipe também adicionou digitalmente as hélices do rotor do helicóptero para cada uma das tomadas.

Com isso, podemos ver o helicóptero colidindo na casa. Uma das principais exigências que Steve queria, era que as hélices se chocassem com o telhado da parte frontal da casa. Então tivemos que recriar uma versão da Skyfall no computador, que podia ser destruída parte por parte. Na MPC, temos um software proprietário para destruição chamado de Kali. Este programa permitiu que o programador Meryec Rancel criasse objetos sendo danificados, explodindo, e detritos voando pelos ares. Também nos deu controle sobre a gravidade e outros elementos que afeteriam a queda da aeronave.

James Bond enfrenta um vilão embaixo d’água. Como foi o seu trabalho nesta sequência?

A idéia principal era manter o estiloso visual criado por Roger Deakins, até mesmo para as cenas aquáticas. Projetamos imagens em uma superfície utilizando bolhas geradas por computador. Roger também queria que o tom e a coloração quente da sequência,  continuasse embaixo d’água.

Como foram criadas as respirações?

Steve não queria usar CGI para simular a respiração, então filmamos diversos tipos de elementos com fundos pretos. Desde gelo seco até o vapor de uma chaleira. Estes elementos foram então combinados por Brad Floyd, utilizando o processo diversas vezes. Sam e o editor Stuart Baird foram bastante claros na maneira que eles queriam que a respiração aparecesse.

Qual foi o maior desafio neste projeto, e como foi feito?

Outra sequência bastante desafiadora foi a perseguição ao redor do lago. Na cena, Silva está atrás de M, que está indo em direção a capela, ambos sendo seguidos por Bond. A cena foi rodada em um estúdio escuro em Long Cross. Roger Deakins surgiu com um complexo sistema de iluminação, para simular o fogo no casarão de Bond. O desafio que tínhamos, era de fazer com que o set no estúdio se parecesse com o que foi filmado em locação, em Hankley Common.

O que fizemos foi pegar as tomadas e os elementos pós-explosão da casa, e acrescentamos o telhado em chamas digitalmente. A sequência teve que ser redesenhada. Junto com Sam e Stuart, encontramos uma solução que ajudou a contar a história. Assim que estávamos satifsfeitos com o layout, Brad e sua equipe adicionaram os elementos de fogo e inúmeras camadas de fumaça e névoa, para criar um ambiente frio e nebuloso. O foco principal novamente era manter o estilo criado por Roger Deakns para a tomada.

Qual a sensação de fazer parte de um filme de James Bond?

Sempre tive um sonho de trabalhar em um filme de Bond. E celebrando o 50º aniversário da série, foi melhor ainda.

O que você guarda desta experiência?

A oportunidade de trabalhar com um grande diretor como Sam Mendes, utilizando imagens brilhantemente filmadas por um dos melhores Diretores de Fotografia que existem, Roger Deakins.

Durante quanto tempo vocês trabalharam neste filme?

Começamos em Março, então foram aproximadamente 9 meses.

Em quantas tomadas vocês trabalharam?

Um total de 300 tomadas.

E o tamanho da equipe?

150 pessoas.

Qual seu próximo projeto?

“RED 2”.

Com informações Art Of VFX | Moving Picture | Double Negative. █

Sem Comentários

Deixe uma resposta

Translate »